Como calcular seu trabalho por hora: dicas de precificação
Você tem noção de quanto vale sua hora de trabalho? Chegou ao final de um projeto e percebeu que cobrou menos do que deveria? Então você precisa saber como calcular seu trabalho por hora.
Definir um valor justo e competitivo para a hora de trabalho é essencial para que freelancers e profissionais autônomos da área de tecnologia evitem prejuízos e decepções ao final dos projetos.
Uma precificação adequada garante a sustentabilidade operacional, ajuda a posicionar o profissional de forma adequada no mercado e assegura uma remuneração condizente com suas habilidades e experiência.
Além disso, entender o valor do seu trabalho permite que você estabeleça relações mais saudáveis com seus clientes, evitando subvalorização e garantindo que o seu esforço seja recompensado de forma justa.
Neste guia, apresentamos uma abordagem detalhada sobre como calcular sua hora de trabalho, levando em conta custos, remuneração, experiência, valor de mercado e demandas específicas do setor.
Entendendo custos e despesas: a base do cálculo
Para começar, é necessário identificar todos os custos e despesas envolvidos na sua atividade, incluindo custos diretos e indiretos, além de despesas relacionadas ao tempo não-faturável, como marketing e reuniões.
Entre os principais custos estão:
- Despesas operacionais: equipamentos, manutenção, softwares, internet, aluguel de escritório ou coworking.
- Custos fixos e variáveis: despesas fixas (como assinatura de software e aluguel) e variáveis (energia elétrica, deslocamentos, impostos).
- Tempo não-faturável: atividades como reuniões, marketing pessoal e aprendizado, que não são remuneradas diretamente, mas são essenciais para o crescimento do negócio.
Imagine que suas despesas mensais somem R$ 6.000 (incluindo aluguel, internet, energia e softwares). Se você trabalha em média 160 horas por mês, o custo básico por hora será de R$ 37,5. Este valor cobre apenas os custos operacionais, sem considerar sua remuneração ou lucro. É sobre essa base que você adicionará outros elementos para definir seu valor final.
Lembre-se de que um erro comum é esquecer de incluir despesas menores, como assinaturas de plataformas, taxas de transação e até mesmo custos de transporte. Esses pequenos valores podem se acumular ao longo do tempo, impactando diretamente o valor real da sua hora de trabalho.
Outro ponto é se você fará contrato como pessoa jurídica ou como pessoa física.
Se for pessoa jurídica, precisará calcular os percentuais referentes aos impostos a pagar. Já para pessoa física, vale considerar os percentuais para INSS, independente de pagar ou não (ou optar por uma previdência privada).
Para esses cálculos, o melhor profissional para ajudar é um contador.
Portanto, seja minucioso na hora de listar todos os gastos.
Determinando o salário desejado
Além de cobrir os custos, é essencial estabelecer o salário anual desejado. Esse valor deve levar em consideração o custo de vida, as expectativas de conforto e as metas financeiras para o futuro.
Isso inclui despesas pessoais, investimentos desejados e até mesmo poupança para imprevistos, garantindo que sua remuneração seja compatível com seu estilo de vida e ambições.
Passo a passo para cálculo do salário desejado
- Defina seu salário anual: suponha que você deseja ganhar R$ 120.000 por ano.
- Calcule as horas faturáveis anuais: considere feriados, pausas e descanso. Trabalhando 48 semanas por ano, com 40 horas faturáveis por semana, você teria 1.920 horas anuais.
- Divida o salário desejado pelas horas anuais: R$ 120.000 dividido por 1.920 horas resulta em R$ 62,50 por hora.
Se você pretende investir em cursos, novas habilidades ou outras formas de desenvolvimento, isso deve ser contabilizado no valor final da sua hora. A educação contínua é um fator essencial para se manter competitivo no mercado de tecnologia, que está sempre evoluindo.
Valor de mercado e experiência profissional
Para definir um valor competitivo para sua hora, é importante considerar o valor de mercado e sua experiência. Alguns sites como Glassdoor e Levels são um ponto de partida bem interessante para entender essa parte da precificação.
Faixas de recebimento para programador no Brasil
Experiência |
Salário base (mês) |
Salário base médio (Mês) |
---|---|---|
0 a 3 anos |
R$ 2 a R$ 6 mil |
R$ 4 mil |
4 a 6 anos |
R$ 5 a R$ 10 mil |
R$ 7,5 mil |
7 a 10 anos |
R$ 13 a R$ 16 mil |
R$ 15 mil |
Mais de 10 anos |
R$ 20 a R$ 30 mil |
R$ 25 mil |
Dados levantados em novembro/2024
Essa é apenas uma base: o mais interessante é tomar esses valores como base e revisar seus preços periodicamente, para garantir que você esteja acompanhando as mudanças no mercado, e também as suas qualificações profissionais, já que isso pode justificar um aumento no valor da sua hora.
Técnicas de precificação baseadas em projetos de desenvolvimento
No setor de tecnologia, a precificação por hora pode variar de acordo com o tipo de projeto, o valor agregado ao cliente e a complexidade do trabalho.
Entre as principais abordagens temos:
- Precificação por valor ao cliente: para projetos que trarão grande impacto financeiro ao cliente, como aumento de receita, você pode definir um valor mais alto, refletindo esse benefício.
- Divisão por etapas do projeto: dividir o projeto em fases (design, desenvolvimento, testes) ajuda a detalhar custos e mostrar ao cliente onde está sendo investido o valor.
- Complexidade do projeto: definir faixas de preço (baixo, médio, alto) conforme a complexidade.
Essas abordagens permitem que você adapte o valor conforme cada projeto, maximizando a satisfação do cliente e sua rentabilidade. Considere também adicionar cláusulas no contrato que permitam revisões no valor, caso o escopo do projeto mude consideravelmente em algum momento.
Margem de segurança: proteção contra imprevistos
Uma margem de segurança é essencial para proteger sua renda contra imprevistos e flutuações na demanda. Essa margem geralmente varia entre 10% e 20% do valor por hora.
Considerando os valores de exemplo que definimos até aqui, o valor/hora é R$ 100,00 (despesas/custo/salário desejado), adicione uma margem de 15%, chegando a R$ 115,00. Dessa forma, você assegura sua capacidade de lidar com gastos extras e manter um fluxo de caixa saudável.
A margem de segurança é importante para lidar com períodos de baixa demanda, garantindo que você mantenha sua operação mesmo em meses menos produtivos.
Lembre-se de que essa margem também ajuda a cobrir custos inesperados, como reparos em equipamentos ou necessidades emergenciais de formação.
Precificação para trabalhos internacionais
Para trabalhos internacionais, a precificação pode necessitar de adaptação, considerando as diferenças de mercado e a competitividade.
Dicas para ajuste:
- Pesquise a média no país do cliente: profissionais na Europa ou EUA tendem a cobrar mais que no Brasil.
- Variação cambial: leve em conta as taxas de câmbio para manter seu valor competitivo.
- Ferramentas de câmbio: apps como Google Finance ajudam a acompanhar as taxas.
- Adapte seu valor para a realidade do cliente: entenda as expectativas e o poder aquisitivo do cliente para definir um valor que seja justo para ambas as partes.
Trabalhar com clientes internacionais também pode exigir ajustes na forma de cobrança e no contrato. Considere oferecer opções de pagamento que sejam convenientes para o cliente, como plataformas seguras que realizam transferências internacionais com menores taxas.
Reavaliação periódica do valor por hora
Manter um registro detalhado dos projetos realizados e suas respectivas rentabilidades pode ajudar a identificar quando e como ajustar o valor da sua hora de forma fundamentada.
Atualizar seu preço periodicamente garante que ele acompanhe seu crescimento profissional e as mudanças de demanda e do mercado.
Quando reavaliar:
- A cada seis meses: avalie ajustes conforme sua evolução e mudanças no mercado.
- Após projetos relevantes: projetos de grande porte ou novas habilidades justificam um aumento no valor cobrado.
- Mudanças no custo de vida: aumentos significativos no custo de vida ou na inflação também devem ser refletidos no valor da sua hora.
- Agenda cheia: quando sua agenda não tem espaço para novos projetos e você não tem mais espaço para novas demandas existentes. Esse é o momento de fazer um upgrade no preço.
Essa prática é essencial para garantir um crescimento sustentável e para que você possa continuar oferecendo serviços de qualidade, sem perder qualidade de vida.
Ferramentas para o cálculo da hora de trabalho
Calcular e monitorar o valor da sua hora pode ser facilitado com ferramentas que oferecem mais precisão e controle, como por exemplo:
- Planilhas de cálculo: Google Sheets é prático e gratuito para organizar despesas e metas salariais.
- Softwares de gestão financeira: QuickBooks e Nibo ajudam a monitorar receitas e despesas.
- Plataformas de monitoramento de horas: o Toggl é ideal para controlar as horas trabalhadas por projeto, facilitando o faturamento.
- Aplicativos de gestão de projetos: ferramentas como Trello ou Asana permitem acompanhar o progresso dos projetos, garantindo que cada etapa seja contabilizada adequadamente.
Essas ferramentas garantem um processo de precificação mais preciso, ajudando no planejamento financeiro e na adaptação constante dos valores.
Utilizar essas ferramentas também permite que você tenha uma visão mais ampla de como seu tempo está sendo gasto, ajudando a identificar oportunidades de otimização.
O tempo investido no cálculo da hora não é perdido
Investir tempo no cálculo da sua hora de trabalho vai garantir um modelo de negócio sustentável e lucrativo.
Compreendendo os custos, determinando seu salário desejado, analisando o valor de mercado e mantendo uma margem de segurança, você estará pronto para definir um preço que reflita tanto seus custos e objetivos financeiros quanto o valor da sua experiência profissional.
Além do mais, uma boa precificação é a chave para construir relações de trabalho mais saudáveis e duradouras, já que ao estabelecer um valor justo para ambas as partes, você cria um ambiente de confiança e transparência, essencial para a continuidade e o sucesso da sua carreira como programador.
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